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A riqueza econômica é profissional e patrimonial, em proporções variáveis. Ela é composta pelos bens que representam o capital empresarial (imóveis, ações) e pelos bens familiares (propriedades, obras de arte, veleiros...)
- (01/09/2001) ,
Estatísticos e sociólogos interessam-se muito mais pela definição de um limite de pobreza do que por um de riqueza. É verdade que a multidimensionalidade da fortuna – fusão de dinheiro, cultura, relações sociais e prestígio – torna sua fórmula complexa. Mais ainda porque a riqueza econômica é profissional e patrimonial, em proporções variáveis. Ela é composta pelos bens que representam o capital empresarial (imóveis, maquinário, ações...) e pelos bens familiares (propriedades imobiliárias, móveis, obras de arte, veleiros de lazer...).
Contam-se hoje, na França, 180 mil famílias sujeitas ao imposto sobre grandes fortunas. Mas há uma dispersão considerável, pois as 100 famílias mais oneradas pelo fisco declaram um patrimônio (867 milhões de francos cada uma, em média, ou cerca de 310 milhões de reais) 180 vezes superior ao das 100 famílias que se situam no patamar imediatamente inferior do imposto (4,7 milhões de francos, ou seja, pouco mais de 1,6 milhão de reais). De acordo com uma relação das 500 maiores fortunas profissionais feita em 2001, a sra. Bettencourt detém ativos no montante de 112 bilhões de francos (cerca de 40 bilhões de reais), com 25% das ações da L’Oréal e 3% da Nestlé; o último dessa lista, Didier Cazeaux, acumulou apenas 200 milhões de francos (70 milhões de reais), com 90% dos estaleiros Guy Couach, ou seja, 560 vezes menos. A existência de tamanhas diferenças entre as fortunas, impensáveis no mundo banal dos assalariados, coloca a questão da homogeneidade do grupo. Esta, no entanto, constrói-se através da combinação da fortuna material com outras formas de riqueza, e num processo constante de cooptação.
(Trad.: Jô Amado)