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As aposentadorias dos fundos de pensão americanos, que dependem das oscilações do mercado de capitais, contribuíram para estagnação, ou até diminuição, da renda familiar da maioria. Melhoria, só para os 5% mais ricos
- (01/04/2002)
É conhecido o triste destino dos funcionários da Enron1, que não somente perderam o emprego, como também a aposentadoria. Acreditaram no discurso de seus chefes (que, por sinal, não aderiram ao fundo de pensão) e, para garantir uma velhice feliz, compraram maciçamente ações da empresa, cujo valor caiu, em um mês, de cerca de 90 dólares para menos de um dólar. Mas, vem sendo repetido, essa seria apenas uma exceção que confirma a regra: os fundos de pensão, desde que controlados (por quem?), constituiriam a melhor garantia – e até a única – para a continuidade e segurança dos regimes de aposentadoria.
Uma vez mais, o exemplo vem dos Estados Unidos. Analisando dois trabalhos universitários sobre o assunto, o jornal International Herald Tribune conclui o seguinte: de 1983 a 1998, ao contrário do que ocorre com a seguridade social e os sistemas que garantem rendas fixas, as aposentadorias pagas pelos fundos de pensão norte-americanos – que dependem das oscilações do mercado de capitais – contribuíram para uma estagnação, e até uma diminuição, da renda familiar, com exceção de 20% das faixas melhor remuneradas (+ 19%) e, principalmente, as 5% melhor remuneradas (+ 176%). Em 1998, por exemplo, 65% das famílias norte-americanas com um chefe de família de 47 a 64 anos dispunham de uma renda igual ou inferior àquela de que dispunha quinze anos antes uma família nas mesmas condições. As rendas familiares de categoria média caíram 13% entre 1983 e 1998. Os fundos de pensão, portanto, exacerbam as desigualdades e “inúmeros norte-americanos irão perceber uma fração menor de sua renda salarial quando se aposentarem2”. (Trad.: Jô Amado)
1Ler, de Tom Frank, “Mil e uma trapaças”, Le Monde diplomatique, fevereiro de 2002. 2International Herald Tribune, Paris, 22 de fevereiro de 2002.