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(01/08/2002)
Porta-voz da Confederação Camponesa, José Bové foi o primeiro dirigente sindical a ser preso após a reeleição de Jacques Chirac. E preso devido a uma ação sindical coletiva: o desmonte do restaurante McDonald’s de Millau, em agosto de 1999, num protesto simbólico contra as sanções impostas por Washington aos produtores de queijo roquefort (em represália à recusa, por parte da União Européia, em importar carne bovina com hormônios dos Estados Unidos). É importante frisar que, nesse caso, a ação não foi interposta pela cadeia de restaurantes norte-americana, mas pelo Ministério Público francês!
Estaria o Movimento dos Sem Terra (MST) brasileiro tão longe da verdade quando considera José Bové um “preso político”? Teria a punição o significado de “dar um exemplo” no sentido de desencorajar quem luta, como Bové, contra a globalização liberal? Essa é uma opinião amplamente partilhada, e reforçada pela impunidade de que gozam, por outro lado, os distribuidores de farinhas animais ilegalmente importadas – e potencialmente transmissoras da doença da vaca louca –, assim como os dirigentes do sindicato camponês majoritário, a FNSEA (que pediu votos para Chirac desde o primeiro turno da eleição presidencial), por suas ações violentas contra bens e pessoas, como foi o caso da invasão e saque do escritório de Dominique Voynet, ministra do Meio Ambiente.
Isso sem mencionar essa aflitiva “exceção francesa” que é a imunidade judicial concedida pelo Conselho Constitucional ao presidente da República quando, em qualquer outra democracia ocidental, a suposição dos graves delitos de que é acusado deveria obrigá-lo a explicar-se perante os juízes.
A redação do Monde diplomatique manifesta sua indignação com esse exemplo de “justiça” sob encomenda, contrária a todos os valores que defende nosso jornal.
(Trad.: Jô Amado)