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Enquanto o Zimbábue e a Zâmbia lutam para evitá-los, a África do Sul tornou-se a porta de entrada dos transgênicos no continente, onde pode encontrar sua melhor clientela: fazendeiros em busca de lucro rápido e um governo que aposta cegamente no progresso tecnológico
- (01/09/2003)
A Kwanalu (Kwazulu-Natal Agricultural Union), uma associação amplamente financiada pela cooperação internacional, dá suporte aos fazendeiros comerciais, organiza o monitoramento de “fazendeiros negros emergentes”, ensina-os a formularem planos de investimentos, facilita-lhes o acesso ao mercado de capitais. Sua elegante diretora, Sandy la Marque, no entanto, admite que a modernização pode ter efeitos perversos: “Fazendeiros comerciais, brancos e negros, são movidos, sobretudo, pelo desejo de obter lucro rápido. E privilegiam, por exemplo, a produção de páprica, pimentão, flores e algodão em detrimento da segurança alimentar, dos gêneros alimentícios. As ervas medicinais, que têm uma grande demanda, deveriam ser melhor protegidas, pois são objeto de colheitas selvagens e nossos médicos tradicionais são muito assediados por pesquisadores que querem patentear seus remédios.”
É essa liberalização, associada à busca do lucro, que faz da África do Sul o laboratório das sementes geneticamente modificadas. “Esse governo acredita no progresso tecnológico”, garante Richard Haigh, que dirige o departamento de tecnologia integrada da associação Valley Trust, uma organização presente há 20 anos nas colinas de Natal e que luta pela melhora da saúde pública via a produção de culturas alimentícias e uma melhor alimentação. “É sem hesitar que o governo autoriza o uso dos organismos geneticamente modificados. Ninguém se preocupa com o fato de que os pequenos fazendeiros negros não terão acesso a essas tecnologias e que, além disso, suas culturas correm o risco de serem contaminadas. (...) A África do Sul é a primeira etapa do avanço dos transgênicos na África, no momento em que os países vizinhos, o Zimbábue e a Zâmbia, ainda lutam para evitar ter que recorrer a eles. Uma outra ONG, Biowatch, denuncia, além disso, o fato de que o milho geneticamente modificado, autorizado desde 1999, será vendido sem etiqueta específica, privando portanto os pobres, de quem o milho é o alimento básico, do princípio de precaução.
(Trad.: Wanda Caldeira Brant)