» Caetano Veloso, 80: O avesso do avesso do avesso
» Revolução sexual, projeto feminista
» O dia em que Caio Prado aportou em Buenos Aires
» Ucrânia: as dores que o Ocidente não vê
» Por que aliar a saúde pública e às lutas ecológicas
» Em busca das origens do declínio ocidental
» L'Europe en retard d'une guerre industrielle
» Un barrage peut en cacher un autre
» Quand le bio dénature le bio
» CFDT, un syndicalisme pour l'ère Macron
» La Palestine, toujours recommencée
» Prêcher la haine au nom du Bouddha
» Petite histoire des grands moments de la science-fiction
» Au Japon, fausse audace économique, vrai nationalisme
» Quand une respectable fondation prend le relais de la CIA
» America's ageing nuclear facilities
» Julian Assange, unequal before the law
» The high price of becoming a student in Russia
» Why Parisians fear and loathe Saint-Denis
» Kosovo's problematic special status
» Summer in Moldova: will the party have to stop?
» Three little letters the world came to hate: IMF
» Will the FARC accords finally work under Petro?
» A tiny piece of Palestine, not quite forgotten
» Dos lucros dos oligarcas aos vistos dos pobres
» Em defesa da água e do futuro do Algarve
» A escrita delas, África em Portugal (ou Donde sou)
» Vozes femininas e o livre imaginar
» O Comité de Salvamento Privado
» A burguesia francesa recompõe-se em Versalhes
» Que país pode ser independente?
» O fim do desencanto para os ex-guerrilheiros?
» Acarinhar Pinochet, destruir Assange
— É o pão do dia-a-dia no Brasil.
— E vocês o chamam de pão francês? Olha, acho que ele não existe na França.
— Quer dizer que temos sido enganados esse tempo todo?
— Lamento te revelar isso assim, de sopetão.
- (04/03/2008)
— Três pães, s’il vous plaît.
— Qual?
— Pão francês. Queria três, bem assados.
— Pão francês?
— Não tem?
— Aqui na França, tecnicamente falando, todos os pães são franceses.
— É aquele pãozinho pequeno assim, ó.
— O croissant?
— Não, não. É um que parece um zepelin, sabe?
— Baguete?
— Não, a baguete parece mais um submarino, e é grande. Esse é como uma baguete que encolheu.
— Voilà! É a mini-baguete.
— Menor ainda.
— É a mini-baguete cortada ao meio?
— Mas aí continua sendo uma mini-baguete, só que cortada ao meio.
— Tem razão.
— Imagina que a baguete é o pai.
— Tô imaginando.
— O pão francês é o filho gordinho.
— Nunca ouvi falar.
— É o pão do dia-a-dia no Brasil.
— E vocês o chamam de pão francês?
— Sim.
— Olha, acho que ele não existe na França.
— Quer dizer que temos sido enganados esse tempo todo?
— Lamento te revelar isso assim, de sopetão.
— Estou chocado.
— Ainda temos a baguete. Quer?
— Vai, me dá uma.
— Qual? Normal, tradicional, integral, com cereais?
— Mas é difícil comprar pão por aqui, hein?
— O que você queria? Estamos na França. Temos dezenas de pães diferentes.
— Só não tem o pão francês.
— Esse não.
— Me dá uma baguete com cereais, então.
— Aqui está.
— Pode embrulhar?
— Hã?
— Colocar num saco.
— Aqui não...
— Já sei, não tem saco pro pão também.
— Isso.
— Vai me dizer que tenho que levá-lo debaixo do braço?
— Exatamente.
— Olha, mudei de idéia. Dá pra sair um misto-quente?
Daniel Cariello assina a coluna Chéri à Paris. Também mantém o blog Chéri à Paris e edita a Revista Brazuca.