novembro 2007
Outros ventos trouxeram nossas cicatrizes
Um suor me recobre, pesa nestes ombros
a flor de encontro dúbio. Assim perdi
tanto em buscá-la, tanto em desfazer.
As mãos sobre as coxas, o sexo já confessado.
Tão poderosa e viva e assim tão pura
a luminosidade dos azuis.
E aspirei contigo o perfume casto das cerejas,
também desfeito. O matiz inseguro de tuas nuvens.
Fluorescência do âmbar:
o segredo revelado, não te espantes.
E é o mesmo teu silêncio, amparando as estátuas.
As que houvera na morte e o sonho de suas noites.
O tempo colhia os frutos sem alarde
na terra baixa, maduros de sementes.
Eu corria as ladeiras com meus olhos
freqüentes do passado, e as flores frias.
Dos muros de palavras retirávamos
um punhado de hera, o cheiro seco.
Que invadia as manhãs pelas janelas
e nossos corações cheios de névoa.
Ele colhia os frutos. Nós, sem pressa,
que o tempo madurou de outros silêncios.
Eu não me erguia ao alto da colina
sobre um caixão de pedra, com medo.
De nosso território com seus prédios
enormes e homens baixos. Eles jogavam.